Pelas frestas das pestanas
Espreita o azul celeste
De mansinho
Entre as finas cortinas negras
Humedecidas
Por cristais de sal cintilantes
Que reflectem os raios quentes.
Pálpebras ruborescidas
Por finos regatos de sangue
Que desenham sinuosos
Mapas coloridos num céu só meu
E eis que os salpicos refrescantes das ondas
Vêm re(a)cordar a vida que palpita
Neste casulo aconchegante
Onde habita esta alma curiosa
Impaciente por eclodir
E de novo se fundir
No azul profundo do mar.
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Bóia
Cheia de sentidos
Metade quente, metade fria
Navega ao sabor da corrente
Flutuando empurrada
Pelo vento lento
Pequeno corpo oscilante
Ondulando para trás
E para diante
Saboreando cada instante
Em que tudo se mistura
Num longo beijo
Que perdura.
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