25 January 2016

Spam me, baby!

Spam me, baby!
Send me directly to nowhere.
Let the words pass through you
And join the cloud of the unwanted,
The unloved and the unsuited.

Spam me, baby!
Pretend I don't exist.
Pretend I don't care.
Pretend I was never there.

Spam me, baby!
Set my messages free.
Let them fly away into the void
And end as meaningless
As they started.

Spam me, baby!
Have the decency to ignore
My words and my voice
And my love and my choice.

Spam me, baby!
Let my feelings disappear.
Let my sorrow and my fear
And my dreams come near
The emptiness of the universe,





Jantaradas e Almas Penadas

"Põe uma taça com água, vinagre e sal - muito sal! - em cada piso. Mais ou menos uma semana e ele vai-se embora."
Tenho um velhinho em casa. Um velhinho que já cá não está. Mas já esteve. A sofrer. E sofre ainda. De solidão amarga, escura e fria. Tal e qual sofreu enquanto cá vivia. Já não vive. Mas deixou-se ficar porque ninguém apareceu para o reclamar. Reclama ele! Que está sozinho e lhe viraram isto tudo do avesso. Que ali era um quarto e aqui tinha uma porta e uma janela toda torta! Deambula triste porque já não reconhece aquilo que não foi e volta a não ser. Era uma casa... Ou um mausoléu? Uma tumba renovada... Um palácio assombrado! Não. Agora é que é uma casa. Ou nunca foi? E sofre. Chora no ranger das portas que se abrem sozinhas, nos gritos da gata escadaria acima, nos clarões da trovoada trespassando a clarabóia e o sono. E isto agora o que é? Pode ser que te ajude a partires, a não ficares sozinho. Chora. Que está sozinho. Que esteve sempre. Que nunca o ajudaram. Nunca! Chora de solidão e de saudade. Daquilo que não foi e não lhe faz falta nenhuma. Mas podia fazer. E ele gostava. Que o tivessem vindo buscar. Que o tivessem levado daqui. Gostava de se libertar deste cárcere mórbido e colorido. Cheira a morte aqui. Cheira a vinagre. Cheira a feridas abertas, madeira húmida e a laranjas podres. Falta aqui vida. Falta aqui gente. De que serve a cor se não há luz e tudo permanece escuro? Sai daqui velhinho, sai. Vai-te embora que aqui não é o teu lugar.
Ponho uma taça com água, vinagre e sal - muito sal! - em cada piso. Dou-te a mão e vamos embora.