22 November 2017

Urgência

Ver-te naquele poço
Frio, amarelo e lúgubre
Foi como cair
No silêncio aterrador
Dum precipício sem fim.
As faces macilentas
Os olhos semicerrados
Os gemidos continuados
De todos aqueles desgraçados
Ali deitados
Ao teu redor
Cercando-te
Engolindo-te
Chamando-te
Quase me gelaram...
Mas só a carícia
Que é o teu sorriso
Vale as horas de tédio
O desconforto ciático
O cheiro nauseabundo
A espera solitária
E todos, todos os horrores
Deste universo e dos outros!
Porque tu, meu amor,
És a minha urgência.




14 September 2017

The comedian

He makes me laugh.
He makes me cry.
He doesn't exist
And so do I.

11 July 2017

To my lonely women

Still 
Mild
Subtle
Relaxing
Loneliness. 
You are raging,
Desperate,
Even dead already.
Are you?
You don't know.
No one knows.
No one notices.
No one cares.
No one is there.
And yet
There's a crowd 
Where you drown.
Touched by your wisdom,
Surrendered to your words,
Seduced by your smile.
You feel stunned,
Surprised,
Puzzled.
Empty?
Or open?
Everyone wants.
Nobody dares.
Are they scared?
Are you?
Carry on.

29 June 2017

Da Jubilação (ou O Antídoto)

Hoje jubilei-me.
Deixei tudo para trás
E segui
Mais leve
E com mais peso.
Lancei-me no vazio
E voei
Em queda livre.
Larguei o que construí
E tornei-me monumento.
Rejeitei o que acumulei
E transformei-me em riqueza.
Hoje jubilei-me
De mim próprio.
Chorei de alívio
E sorri em frente.

22 June 2017

In times of crisis

In times of crisis
People are wiser
In their madness
They are stronger
In their weakness
They are happier
In their misery

In times of crisis
People are richer
In their loss
They are focused
In their confusion
They are open
In their defense

In time of crisis
People are generous
In their darkness
They are good
In their evil
They are sweet
In their sorrow
They are tranquil
In their anxiety

In time of crisis
People are human
And its opposite
(Which is the same).

10 February 2017

Poema em trânsito

O mundo a rodar ao contrário
A alma sufocada
A cabeça em água
Esqueletos no armário
Traumas de infância
Corações despedaçados
Trânsito encravado
Sinal vermelho
Tudo parado
...
E tu
No meio de tudo
Sem medo de nada
Fazes malabarismo aos corações
Brincas com o sol aos pares de três
E recolhes aplausos de ouro
E sorrisos de luz
Verde
Tudo segue
Confusão, buzinadelas, encontrões, esmurrões, insultos e insinuações
...
E tu
No meio de tudo
Sem medo de nada
És o homem mais rico do mundo
Vives a vida toda
Enches as bocas de luz
E fazes sorrir os dias