22 November 2017

Urgência

Ver-te naquele poço
Frio, amarelo e lúgubre
Foi como cair
No silêncio aterrador
Dum precipício sem fim.
As faces macilentas
Os olhos semicerrados
Os gemidos continuados
De todos aqueles desgraçados
Ali deitados
Ao teu redor
Cercando-te
Engolindo-te
Chamando-te
Quase me gelaram...
Mas só a carícia
Que é o teu sorriso
Vale as horas de tédio
O desconforto ciático
O cheiro nauseabundo
A espera solitária
E todos, todos os horrores
Deste universo e dos outros!
Porque tu, meu amor,
És a minha urgência.