Ser poeta
É estar apaixonado,
Escancarar o coração
Sem medo das correntes de ar
E esperar que algo de bom
Entre a voar, sem avisar.
É abrir os braços
Ao tsunami que se anuncia
No horizonte;
Esperar a pancada da água
Sabendo que se vai ficar sem ar
E afogar-se no turbilhão
Desconhecido com a certeza
Que vai magoar.
Ser poeta
É andar descalço na floresta
Pisando galhos, pontapeando pedras
E é ser capaz de esquecer
A dor, o sangue, o cansaço
Em nome da maravilha
Que é olhar para cima
E ver passar o sol
Por entre as copas das árvores.
Ser poeta
É velejar um barco sem rumo,
Sentir o vento na cara
E lamber o sal que salpica.
Sonhar com o porto desconhecido
Em plena borrasca sombria
E acordar na bonança
Sem ter chegado a lado algum
E, ainda assim, estar grato.
Eternamente.
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