28 September 2023

Torcicolo

O pescoço deslizando sob a mão
O franzir contido da testa
E o esgar de dor nos lábios
E eu que não me posso levantar
Que nem chego até aí para te aliviar
O que eu não dava para te tocar
Aconchegar-te nos braços
Deixar-te nidificar
Sem relógios a cronometrar
Sem a ameaça daquela campainha
Que quando soa nos tira o ar
Sem a presença fantasmagórica
Daquelas sombras vigilantes 
Intimidantes
Sempre a passar
Dor que é enorme lição
Para ti e para mim
Juntos na oposição
Desta espera lenta e sem fim
Que ainda assim
Nos enche o coração.

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