Suavemente em sinuosos
Diagramas de cores
Que se repetem e multiplicam
Enquanto corpos se arrastam
Em câmara lenta
Desdobrando-se e dilatando-se
Gigantes que ainda agora eram do meu tamanho
Passeiam pela sala ondulante, oscilante
Alice do outro lado do gato diletante
Frio abrasador ou calor cortante
As pontas dos dedos dormentes, persistentes
E o estendido repicar dos sinos
Ecoando pelas montanhas e pela pele
Flocos de algodão cercando a língua
Até deslizarem garganta abaixo
Em cascata espiral infinita
Lá fora, paredes de árvores e folhas
Fundem-se e desdobram-se
Em casulos de míticas figuras
Ora diabólicas, sinistras, daninhas
Ora pueris, divertidas, tolinhas
Demónios, girafas, rainhas
Dançam e riem por dentro e por fora
É a vida seguindo novo ritmo
Que afinal é o mesmo de sempre
Enquanto respiro pintas de leopardo
E, pela primeira vez, conheço de novo o meu braço.