Nas montanhas da melancolia me perdi.
Entre montes e vales, colinas e precipícios,
Serpenteando as suas curvas sinuosas,
Sulcando as suas fendas profundas,
Mergulhei nos seus contrastes,
Banhei-me nas suas paisagens.
Perdi-me entre as cores, os cheiros e sabores
Daquele passeio inebriante, interminável,
Entediante, enjoativo, torturante, admirável...
E das encostas roliças
Aos seus túneis movediços,
Naqueles vulcões de esperança adormecidos,
Me deixei seduzir e conduzir,
Parando às vezes só para sentir
A plenitude da tua ausência,
O calor da tua distância,
O conforto do teu silêncio,
O amor da tua indiferença.
E assim, restabelecido,
Continuei a passear perdido
Naquelas montanhas de melodia,
Belas sereias verdejantes,
Deslizando sob meus passos agonizantes,
Continuamente sussurrando
Promessas eternas de melancolia.