As galinhas chegaram
Em dia de manifestação.
Vieram num caixote,
À hora da reunião.
Conheceram a capoeira nova,
Ainda não terminara o relatório.
Bateram as asas no quintal
Em pleno prime time noticiário.
E bicaram minhocas e bichos
Durante um registo no notário
E mais um conto do vigário.
Mal se pôs o sol, recolheram
- Era hora de fazer o jantar.
De madrugada, puseram um ovo,
Que às redes sociais foi parar.
E exploraram o seu novo ambiente
Sem pensar ou questionar
Como haviam ido ali parar
Ou como a terra continuava a rodar.
- A quê?! A rodar?!
Eram galinhas felizes
- Assim preferimos acreditar,
Cujo futuro era incerto
E ninguém podia adivinhar.
E, entre couves bicadas, cacarejos,
Gatos à espreita, ovos chocados,
Banhos de terra, plumas sacudidas,
Mal sabiam que ensinavam
Mais do que qualquer deus, mestre ou cientista,
Livro, site, jornal ou revista,
Apenas por existirem
Em todo seu esplendor,
Saboreando o momento
Sem qualquer pudor,
Disfrutando a vida,
Sem nenhuma dor.
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