14 May 2022

Oh a poesia cândida
Entre comichões e aflições
Noites mal dormidas
Consumições
Pudesse ser eu pomada
Mezinha, remédio, unguento
Em vez de poeta apaixonada
Refém da lamúria e do tormento
E talvez este prurido recorrente
Estancasse sua penosa torrente
E não mais eu sucumbisse
A tão sarnento talento!


O amor se arrefece
Desaparece. 
É que o amor 
Quer-se quentinho
E aconchegado
Cheio de carinho 
E bem tratado
Não encostado
Abandonado
Enxovalhado
O amor precisa 
De mimo e de sal
Requer atenção
Dedicação 
Devoção íntima 
Universal 
Caso contrário, arrefece
Enfraquece
Esmorece
E desaparece
- Mas não acaba.