Ninguém me vê.
E eu aqui, com o meu sorriso.
Atendo-os às centenas por dia.
Levanto-me, cuidadosa
Para os encaminhar.
Abro a porta, espero.
Regresso, com o meu sorriso:
"O Sr. Secretário de Estado vai recebê-los agora."
Tomo a dianteira
Da escadaria interminável
Que conheço de cor.
De cor. De cor...
Qual cor?!
Aqui não há cor!
Há um monte cinzento
De fatos desfigurados
Que entram, que saem,
Que se cruzam
Mas nunca se vêm.
Ninguém me vê...
Mas eu continuo aqui,
Com o meu sorriso.