25 April 2010

25 de Abril SEMPRE

Fui, pela primeira vez na minha vida, assistir às comemorações do 25 de Abril, na Avenida dos Aliados.

Cobraram-me um euro pelo meu cravo.

Um palco despido acolheu dois grupos corais e uma poetisa, entoando poemas e canções da revolução. Fomos para junto do palco. Umas senhoras, sentadinhas por causa das varizes, pediram que saíssemos da frente. Fomos mais para trás. Rodeavam-nos barbudos em pólos Lacoste, chupando cachimbos e cigarrilhas, e imberbes, em aprimorado estilo trashy, fumando ganzas e engolindo cervejas. Alguma solenidade (seriedade?) tímida, quase envergonhada, aqui e ali... Lá tentamos ouvir alguma coisa, sob o ruído agitado do trânsito nocturno da avenida, dos boémios animados e das conversas incessantes sobre partidos, futebol, a visita do Papa e "onde vais a seguir?". Soou "Grândola Vila Morena" seguido de um repetidamente seco e desencontrado "25 de Abril sempre! Fascismo nunca mais!"...

E veio o fogo de artifício. No alto de um edifício municipal incendiou-se, em vermelho e verde evidente, um imponente: "25 de Abril SEMPE". SEMPE, sim!!! SEMPE!!! Como se o desrespeito, o laxismo, a indiferença viesse de cima!

Quem sou eu para falar? Que sei eu da Revolução dos Cravos? Nada. Não sei nada. Nasci depois. Nasci livre. Do 25 de Abril, li nos livros. Ouvi História e histórias. Mas não sei nada, não vivi nada, de facto. Sei que respeito a História e as histórias que li e ouvi. Vivo Portugal. Vivo a Liberdade. E como Portuguesa livre, fico indignada e triste perante tanto desleixo, tanta apatia, tanto desrespeito, tanta distorção de valores, tanto aproveitamento perverso... Tanta falta de orgulho em ser Português e livre, falta de patriotismo e de identidade... Faltará "SEMPE" cumprir-se Portugal.?

Cobraram-me um euro pelo meu cravo. A liberdade não se vende! É de todos. Como Portugal.

Oxalá tivesse ido vêr isto:


FIREWORKS live in Casa da Musica 24 04 2010 from Tiago Pereira on Vimeo.
25 de Abril SEMPRE!

11 April 2010

O mar



O mar

à minha beira
voltado para mim
falou da sua grandeza
dos mundos que o habitam
das forças que o animam
da vida em que reflui.

E eu falei-lhe de ti.

E o mar sentiu-se pequeno.

Fernando Sylvan



http://saritamoreira.blogspot.com/2009/07/fernando-sylvan.html