Este meio de nenhures
Nem acima nem abaixo
Nem noite nem dia
Nem fêmea nem macho
Nem escama nem penacho
Esta terra de ninguém
Nem dura nem mole
Nem clara nem escura
Nem fria nem quente
Nem frágil nem resistente
Este não lugar
Cú de Judas
Que ninguém conhece
Mas por onde todos passam
Um dia
Hoje é aqui que pertenço
Sem saúde nem doença
Sem ausência nem presença
Sem maldade ou inocência
Sabedoria de sanatório
Para lá das portas do Éden
Afinal o que fica é o purgatório
Limbo malandro, familiar
Já que te encontro
Desta vez, deixo-me ficar
E observo a espiral infinita
Do teu tempo movediço
Do teu mar de sargaço e de enguiço
Ora apreciando a lenta viagem
Ora tropeçando e escorregando
Na voraz vertigem,
Que me engole inteira
Na minha própria rasteira
Fez dói-dói
Já passou?
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