A poesia é como o vento
Quando menos se espera
Levanta-se no ar
E faz a cabeça rodopiar
Entrelaça-se no coração
E desperta sorrisos
Ou põe-nos a chorar
É que a poesia
Não conhece o tempo
Mas abraça o momento
Que inspira e desaparece
Enquanto se acorda
Se caminha
Ou se adormece
Enterrada na rede
Sentada à secretária
Entre amigos na praia
Ou às voltas no fogão
Ou entre as folhas
Das árvores e das plantas
Que se agitam na floresta
Cheia de mistérios
Ora suave dança ondulante
Ora presença inquietante
E lá está a poesia
Entre sombras e reflexos
Em noites luminosas
Ou no fundo oceânico
Alguns poemas são apanhados
Pobres coitados
E acabam aqui sozinhos
Ou aos punhados
Uns bem bonitos, animados
Outros melhor fora
Estivessem calados
Mas há ainda aqueles,
Os outros
- Oh tantos!
Que são levados
Pela correria da vida
Pela distracção involuntária
Pelo acidente inesperado
Pelo sono implacável
Pelo sol radioso da manhã
Pelos salpicos das ondas
Pela chuvinha pardacenta
Ah, o cheiro a esteva,
A terra que acorda molhada,
A urze no monte, o suor, a maresia
E lá vem ela de novo
A poesia...
No comments:
Post a Comment